Adoro quando estou certa ( e quem não gosta?...), hoje não vou falar de meu amado rei, nem de minha doce Cesária, não tecerei elogios a mágica de nosso casal adorado, perfeito e eterno. Faltando 28 dias, ou melhor, nos restando 28 dias ( desculpem por lembrar, mas faz parte de minha terapia de desapego, preciso me acostumar com a ideia...). Hoje quero falar da metamorfose pela qual passa um outro personagem, de uma figura que já nos causou uma serei de sensações e sentimentos, do riso de sua figura ridícula e de sua fala emproada, de sua declarada covardia ( justiça seja feita ele nunca se disse valente!), nos causou pena por sua paixão platônica por Antonha, nos causou raiva quando atropelou uma inocente em seu surto desesperado e pela chantagem que fez para ficar com o objeto de sua paixão, sem esquecer de sua aliança com o filho das trevas...
Eu confesso que não conseguia me decidir sobre que sentimento ter por esse personagem: raiva, pena, compaixão, desprezo, pesar...
Ontem eu chorei, sim não apenas o casal mais lindo e maravilhoso me causa emoção, esse ser baixinho e peruquento conseguiu me pegar ontem, quando se demonstrou uma criatura frágil, buscando um novo rumo para sua vida medíocre. Seu desabafo com rainha helena me comoveu...
Já há alguns dias percebemos a sutileza de sua transformação, de sua metamorfose, de seu desabrochar...
Primeiro sua dedicação em ensinar Antônia a ler e escrever, depois ao sair em defesa de sua irmã, contra os desmando de Timotinho, na sua humildade em pedir perdão pelos atos errados que havia cometido, confesso que torci para que não fosse da boca para fora, sempre senti uma simpatia por nosso desafortunado delegado... Esses foram os primeiros indícios de que estava nascendo um novo Batoré, desse ponto não haveria mais volta, a brincadeira de esconde esconde havia acabado para ele...
Ao se libertar de seus medos e de sua eterna covardia, nosso delegado descobriu um mundo novo onde, as risadas de escárnio cessaram para começarem a dar lugar a sorrisos de admiração... Ao entender que nunca teria o amor de Antônia, abriu caminho para que um novo amor, maduro e consciente surgisse em sua vida, um sentimento que lhe da força e lhe apoia nesse desbravar de seus limites, lhe da confiança para seguir adiante... Depois de tantos anos, o delegado está livre de sua prisão.
Sem a covardia e o medo a lhe aprisionar a alma, e lhe limitar os movimento e ações, começamos a conhecer um outro Batoré, galante, valente, confiante...
Sua genuína felicidade em pensar que Nidinho poderia ser seu filho, seu orgulho pelo menino e seus desejo de reconhece-lo perante a sociedade, não duraram muito. Grande foi sua decepção ao descobrir que não era o pai do garoto, tão grande quanto sua vontade de fazer o correto e pressionar o verdadeiro pai a assumir seu papel, pelo bem de seu novo amiguinho.
Agora ele deixou de ser capacho...
Agora descobrimos mais sobre Altino Batoré, o ex peruquento.
Não apenas rainha helena está orgulhosa do delegado, de sua coragem, integridade, justiça e sensibilidade... Eu também me sinto orgulhosa, por ter acertado em ter simpatia por essa figura tão peculiar...
Tantos elogios são novidades para ele, ele se surpreende, meio envergonhado...
Eu não se i quem foi a fada madrinha que despertou esse novo homem, se foi Antonia, Helena,ou se simplesmente ele acordou... Segundo Batoré Antônio despertou nele sentimentos até então desconhecidos por ele... Inclusive o amor...
_”...amor, coragem,verdade...por que desde menino eu fui educado para baixar a cabeça... eu só conheci obediência, humilhação, medo, acho até que foi o medo que me fez ficar do jeito que eu sou...”
Eu sabia que por trás de toda aquela covardia deveria existir algo mais... Embora já seja um homem, por dentro ele era uma criança assustada, com medo, esperando ser repreendido, para escapar da humilhação que ele tinha certeza seria alvo, em sua vida sempre optou pelo caminho mais fácil, se esconder, tornar-se invisível...
E rainha Helena o deixa nu... Desnuda a alma de nosso adorável covardão. Rainha helena lhe tira a peruca, seu escudo contra tudo e contra todos. Sua proteção contra o mundo, seu antídoto contra as maldades e as crueldades alheias...
O avestruz esconde a cabeça em um buraco, Batoré a esconde na peruca...
É um parto... Agora ele está pronto para o mundo, de cara... Melhor de cabeça limpa, fragilizado, mas isso não tem problema é da fragilidade que se tira força. Pronto para experimentar o mundo, ganhar seu lugar ao sol, ser respeitado e não mais a piada da cidade, ser admirado e respeitado...
Matar o monstro que aterroriza a cidade é fácil... Matar os monstros que habitam dentro de nós mesmos eis o verdadeiro desafio...
Bem vindo ao mundo delegado Altino Batoré.
PS Muito orgulho alheio.
outro ps - Osmar Prado é sempre show.
