SEGUINDO A VIDA...

PEDINDO licença ao mestre faço minhas suas sábias palavras, para explicar por quais caminhos este blog segue;
Mesmo com toda a fama, com toda a brahma /Com toda a cama, com toda a lama /Mesmo com o nada feito, com a sala escura /Com um nó no peito, com a cara dura /Não tem mais jeito, a gente não tem cura /Mesmo com o todavia, com todo dia /Com todo ia, todo não ia /Mesmo com toda cédula, com toda célula /Com toda súmula, com toda sílaba /A gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula !
vamos levando essa vida...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

EU: ELIZANDRA DE CASSIA, A LILI.

OBS – me desculpem se não é um texto tão alegre ou engraçado... Mas talvez assim vocês possam me entender um pouco mais...
Chegou à época de fazer o balanço do ano que passou... Tenho que confessar que este foi um bom ano... Há muitos anos não chegou a Dezembro me sentindo tão plena e satisfeita... Feliz...
Como desde o inicio eu venho prometendo aqui vou lhes explicar o por que este ano é realmente especial, ele foi tão especial que finalmente me sinto pronta e suficientemente segura para expor essa parte de minha vida...
Nasci no dia 14 de Abril de 1977, em santa Maria caia uma das maiores tempestades do ano, minha mãe ainda não havia completado um ano de casada, ela se casou em 24 de Abril de 1976, ainda morava com os pais, nessa mesma casa onde vivo hoje... Já havia passado da meia noite e a dor das contrações só aumentavam, mas ela não queria chamar nem a mãe e nem o pai, pois se eles acordassem iriam descobrir que contrariando todos os pedidos meu “pai” havia saído de novo deixando minha mãe sozinha, mas quem controla uma contração?... Meu avô acordou e disse para minha avó ver o que estava acontecendo... E lá se foi todo mundo correndo para o Hospital, lá a bolsa rompeu, mas... ( não era um hospital publico...) mesmo com a bolsa rompida a enfermeira insistia em dizer que não estava na hora, na verdade a enfermeira em questão estava muito “aborrecida” com a insistência de minha Avó e de minha mãe, afinal ela estava dormindo... Finalmente com muita raiva ela veio atender minha mãe... Quase passei do tempo, na verdade passei, eu devia ter nascido bem antes... Mas tudo bem estou aqui...


Depois do meu primeiro ano de vida fomos eu, minha mãe e meu papai morar em Alvorada ( Grande Porto Alegre) onde o meu papai tinha sua família, apesar dos pesares não foi de todo ruim...
Pelo menos com tão pouca idade eu não entendia muito bem o que acontecia... Até que no Natal que eu tinha 4 anos, eu descobri... Na noite do dia 24 meu pai chegou do trabalho e para nossa surpresa disse que passaríamos a noite de natal na casa de um amigo dele... Lá fomos nós... Quando chegou a meia noite, eu percebi algo estranho, fogos, abraços e nada do maldito papai Noel... Sem que as pessoas percebessem fui para o pátio, cheguei até uma cerca d emadeira e fiquei olhando as demais crianças da rua brincando com seus presentes de natal recém-ganhos...  Eu chorei... Eu lembro que naquele natal eu queria muito uma bonequinha de plástico que hoje se encontra em qualquer lojinha de 1,99, e por esse preço, era uma índia que eu era apaixonada... Eu havia escrito minha cartinha, eu havia me comportado... E mesmo assim o papai Noel havia esquecido de mim... Eu não estava entendendo por que o papai Noel não gostava de mim... Chorei... E foi chorando que minha mãe me encontrou... Ela me perguntou por que eu estava chorando e eu na minha inocência de criança perguntei para ela o porquê do papai Noel ter me esquecido.... Minha mãe chorou... ( na época meu querido papai não permitia que minha mãe trabalhasse...), ela me pegou pela mão entrou na casa e disse para meu pai... _ enquanto era comigo tudo bem, mas com minha filha eu não admito... Engraçado como a memória da gente funciona né? Eu lembro de poucas coisas dessa época, mas disso eu jamais esqueci...
ESSA FOI A BONECA QUE MEU AVÕ ME DEU A LALA E O LULU, TENHO ATÉ HOJE...
NOS ANOS GANHEI



FORAM POUCAS AS BONECAS, EU PREFERIA LIVROS E DISCOS OU ROUPAS...

Fomos para casa, minha mãe fez as malas e nós fomos para a casa de uma amiga dela até amanhecer e conseguirmos passagens para santa Maria, passagens e dinheiro, já que ela não tinha nenhum...
Antes de irmos embora ainda fomos até nossa casa, lembro dele deitado, e da gatinha que tínhamos a Mika no cantinho miando forte... Como se chorasse...
Ao chegar em Santa Maria na casa dos meus avôs, tive uma grande surpresa meu avô havia comprado para mim um presente de natal, meu avô, nesse momento eu já não mais acreditava em papai Noel, minha mãe me explicou os fatos da vida...
Nunca mais saímos daqui, meu pai? Fez mais três filhas que trata como me tratou, se eu tenho raiva? Não mais, hoje meu sentimento por ele é o de pena...
O fato é que esse episódio marcou minha infância, sempre me senti culpada pela separação dos meus pais, e carreguei esse peso por muitos anos... Por isso na minha infância sempre procurei ser a criança perfeita... Eu não podia dar trabalho ou preocupação a minha mãe, de jeito nenhum... assim fui crescendo uma criança bem estranha, em determinada época quando minha mãe começou a trabalhar no HUSM, ela até chegou a pensar que eu tivesse algum problema psicológico grave, era muito quieta, vivia num mundo aparte, não brincava com outras crianças ( ela chegou a desconfiar ... Minha felicidade eram os livros, mesmo quando não sabia ler, e a televisão, fui criada pela rede globo, o único canal que pegava na minha cidade até meus 10 anos, quando comecei a ir para a rua brincar com outras crianças...


E aí chegou a adolescência, ou melhor arborescência, geralmente os jovens a partir dos 14 anos se rebelam, eu também, mas foi o inverso, vocês não acreditam no quão chata eu fiquei, eu me transformei numa ultra conservadora, preconceituosa e eternamente de mau humor, nem eu me aguentava... Minha mãe me levou ao psicólogo, que depois de duas semanas disse que era normal da idade, que eu era super inteligente e bla bla bla... Uma semana depois ela resolveu meu problema me deu uma surra de cinto ( eu estava com 16 anos...) e o pior minha avó da cozinha ao invés de impedir essa violência dizia : bate mais, bate mais nessa negrinha, o que que ela tá pensando?... Conclusão: minha rebeldia passou...
Eu sempre fui a princesa da casa, primeira neta, todas as esperanças da família estavam depositadas em mim, os problemas nunca chegavam até essa pessoa aqui, pois eu tinha que estar tranquila para estudar e ir para a universidade ser alguém... Isso até os meus 17 anos...
Era 31 de março quando minha vida perfeita desmoronou... Lembro do meu tio chegando em casa com meu avô que havia ido a feira, ele estava todo torto... Desespero... Foram para o hospital... Diagnostico AVC... Nunca mais meu avô levantou da cama, foram longos 4 anos, vendo aquele homem tão orgulhosos e senhor de si dependendo dos outros até para fazer suas necessidades, nesse meio tempo minha avó enfartou, nós dividíamos entre a nossa casa e a UTI do hospital, mas também teve coisas boas, por que eu realizei o maior sonho da vida do meu avô, entrei para a faculdade, eu ia ser professora ( ele gostava muito de uma professora, achava tudo essa profissão)...
Ok que não foi muito fácil, com idas e vindas do hospital e sete disciplinas na recuperação era quase certo que eu não conseguiria, mas consegui, entrei na federal, eu tinha que entrar, antes que ele morresse... Lembro do dia do listão, que ouvimos meus nome... Meu avô chorou feito criança ( desde que me conheço por gente todos os anos em janeiro ele sempre chegava em casa falando sobre as filhas e netas dos amigos que haviam passado na UFSM e sempre me olhava com esperança de eu também conseguisse), ele havia conseguido, a neta dele iria para a universidade... Infelizmente ele não viu minha formatura, veio a falecer antes... É uma das razões pela qual não fiz a cerimonia de formatura, ele não estaria lá... Por falar em minha formatura, depois de assinar os documentos fomos para casa um almoço especial, às 17 horas da tarde enquanto comemorávamos recebi a noticia de que a mãe de meu pai havia falecido, sai da minha festa para o funeral...
MEU GRUPO DA FACULDADE


DIA DA MINHA FORMATURA

Três anos depois da formatura finalmente comecei a trabalhar e entrei numa fase baladeira, tudo o que não fiz antes fiz nessa fase... Foi bom por um tempo... Nessa fase conheci o tal falecido, que me deu um grande presente de natal, me mandou passear justamente num 24 de dezembro... Quem é que termina um namoro no natal? Bem que ele poderia ter esperado né?

EU BALADEIRA

Por essa época percebi que havia algo errado comigo... Cheguei aos 30 anos e arrastava comigo uma grande tristeza e vazio... Procurei ajuda... O primeiro psiquiatra me disse que eu era bipolar... Como assim? Me encheu de receita de tarja preta e eu... Rasguei no meio da rua... Procurei outra psiquiatra e depois de alguns exames ela me diagnosticou com distimia que é um distúrbio de humor... Comecei o tratamento, mas vocês sabem né? Psiquiatra só medica, ele não trata... Um dia depois de ter ficado 2 horas na sala de espera e 5 minutos com a doutora decidi que eu mesma iria me tratar, fui a internet descobri tudo sobre a distimia e comecei meu auto tratamento...
Eliminei da minha vida tudo que pudesse provocar minhas alterações de humor, me anestesiei para o mundo e para a vida... E assim fui vivendo...
Infelizmente não há como fugir da dor, ela faz parte da vida e por mais que eu me esconda ela sempre nos encontra, afinal faz parte da vida...
Há 4 anos atrás eu perdi meu maior tesouro, entendam minha é tudo para mim, apesar das nossa brigas, não vivemos longe uma da outra, mas minha avó era meu chão... E ele me foi tirado... Eu sabia que ela não estava bem... Mas depois de tudo o que ela passou na vida era algo normal... Nessa mesma época descobrimos que meu tio estava com um tumor o mesmo do ex – presidente Lula, como ela já estava desconfiando que houvesse algo acontecendo, marcamos  para ela ir ao cardiologista numa terça feira, para prepara-la para a noticia... Na segunda ela veio a falecer, de um ataque cardíaco, em casa na cama dela...

DELMA E JOÃO

Como ela estava doentinha, eu e minha mãe nos revezamos aquela noite cuidando dela às 3 horas da manha minha mãe levantou para vê-la, eu fui junto... Ela estava bem... Eu fui para meu quarto e minha mãe para o dela... Jamais vou esquecer o desespero na voz da minha mãe... Foram os piores 4 minutos da minha vida... Foi o pior 18 de dezembro... O pior 24 de dezembro ( dia da missa de sétimo dia)... Eu não chorei, eu não podia, era o momento dos filhos chorarem, eu segurei minhas lágrimas o quanto pude... Foi um episodio aparentemente banal que me libertou, meu gato morreu atropelado... E eu pude chorar... A perda da única pessoa desse mundo que me aceitava do jeito que eu era... Minha mãe que é mais espírita do que qualquer outra coisa sempre diz que eu era filha da minha avó em outras vidas, ela tinha e tem um certo ciúme da relação que eu tinha com ela e eu sinto muita falta dela... e lamento muito nunca ter dito o quanto eu a amava...

Sem ela minha vida perdeu todo o sentido... Nada mais me importava... Até esse ano...
2011 foi um ano abençoado, eu sempre tive a sensação de que eu não fazia diferença nesse mundo, eu me perguntava por que ainda estava aqui? Qual era a minha missão nessa terra...
Estava vivendo por viver...
Até que...  Uma Lucy surgiu em minha vida e me pôs em contato com tantas pessoas que transformaram minha vida...
Hoje 14 de Dezembro de 2011, estou cheia de projetos e planos, desconfio que tenho sim uma função no mundo, reconheço minha importância... Eu que sempre pensei que teria sido muito mais fácil para minha mãe ter seguido sua vida sem ter uma criança chata, ou uma adolescente rebelde ouvi dela na  minha volta de São Paulo que ela não sabia o que teria sido da vida dela sem mim, eu ouvi e acreditei... Assim como acredito no carinho que minhas amigas virtuais derramam sobre mim... Embora eu deva confessar que fico muito constrangida com o que falam sobre mim...  Depois de tantos anos acreditando no pior, afinal nem meu pai me quis é difícil aceitar ou ver as tantas qualidades que vocês veem em mim...

Mas... Posso dizer com toda a segurança do mundo, que neste final do ano sou uma pessoa diferente daquela que iniciou 2011, e eu devo isso a vocês: Patrícia, Rozi, Rosi, Maria, Cel, Mia, Andréia, Vanusa, Deinha, Maria Vitória, Jéssica as pessoas de tantos lugares diferentes que vem nesse espaço ler minhas bobagens, Lucy Ramos, Carmo Dalla Vecchia e Papillon minha borboleta que me ensinou que o impossível não existe, a você um obrigada gigantesco por ter rompido meu casulo...
A todos obrigada por me reensinarem o valor da amizade, dos sonhos e das possibilidades...
ESSA FOTO NÃO FICOU LÁ ESSAS COISAS, MAS EU GOSTO MUITO DELA...

Elizandra de Cássia Machado Rodrigues, a Lili.
OBS final- aquele texto sobre os defeitos de áries era para ser engraçado , depois de tantos anos me magoando resolvi achar graça, é isso que as pessoas falam de mim, mas nunca ninguém quis me perguntar por que eu ajo assim... Mais uma informação, tenho alta tolerância a dor física, mas desmorono com a dor emocional...
ops ESTAVA ESQUECENDO DO MEU TIOZÃO AQUELE QUE DIZIA QUE MORAVAMOS EM UM VULCÃO...
O CAÇULINHA