SEGUINDO A VIDA...

PEDINDO licença ao mestre faço minhas suas sábias palavras, para explicar por quais caminhos este blog segue;
Mesmo com toda a fama, com toda a brahma /Com toda a cama, com toda a lama /Mesmo com o nada feito, com a sala escura /Com um nó no peito, com a cara dura /Não tem mais jeito, a gente não tem cura /Mesmo com o todavia, com todo dia /Com todo ia, todo não ia /Mesmo com toda cédula, com toda célula /Com toda súmula, com toda sílaba /A gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula !
vamos levando essa vida...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

MEUS BOTÕES E EU...

Eu estava aqui pensando com meus botõezinhos e lembrei de quando eu tinha 15/16 anos ( para quem me acompanha há algum tempo vai lembrar que nessa época mamys fez comigo a terapia do cinto...)... Mas são águas passadas, o que lembro dessa época era de como eu era e do desgosto que minha mamys sentia, ela que sempre foi pra frentex, se viu de repente com uma filha, como poderei dizer... careta, reacionária e extremamente conservadora, o que valia era o que eu achava e se alguém pensasse diferente, não me servia... era contra tudo que não se enquadrasse no meu minúsculo mundo... Extremista, minha razão era ser diferente dos demais jovens, se eles gostavam eu era contra, se eles aprovassem eu desaprovava...
Minha mãe me olhava e dizia, espera tú chegar a faculdade... E eu esperei... mais do que conhecimento técnico ou cientifico, eu aprendi a arte da convivência, eramos uma turma de 40 pessoas, muito diferentes entre si, tinha de tudo ali, comunistas, direitistas, pessoas com baixo poder aquisitivo, filhos de fazendeiros, gays, lésbicas, maconheiros, moças de família e moças soltinhas... E eu fui convivendo com essas pessoas, fui aprendendo a tolerar seus erros, defeitos e falhas... No momento mais difícil ( em um dos...) quando meu avõ faleceu, as pessoas que antes eu julgava e que aprendi a conviver estiveram ao meu lado, dos 40. 34 foram ao velório do meu avô me dar um abraço... Fiquei envergonhada, por que os julguei por um fato... Foi aí que surgiram meus botõezinhos, e suas perguntas incomodas... pois a primeira pergunta que eles me fizeram foi: Por que você se incomoda com o que os outros fazem ou são??? È a vida deles... e o mundo se abriu... è claro que como ariana que sou a teimosia é meu forte, mas hoje sou bem mais tolerante...
Nos meus 15/16 anos eu queria ser perfeita... mas perfeição não existe... demorei a aprender isso, precisei sair um pouquinho para o mundo, ter contato com as pessoas, entender sua dimensão humana e principalmente reconhecer a minha própria dimensão de simples humana... errada, torta, cheia de defeitos... humana...
Uma historinha...
Era uma vez uma princesa que morava em um castelo, seus pais a ensinaram a ser uma boa filha, uma boa esposa... ela jamais cometeu um erro, seu comportamento era impecável e por causa disso ela se julgava perfeita...
Com medo do mundo fora dos muros do castelo e tentando protege-la os pais dessa princesa jamais a permitiram sair do castelo, para que as maldades do mundo, a sujeira não a atingissem...
Era perfeita nossa princesa, sua roupa sempre limpa, seus cabelos bem feitos, seus modos admiráveis...
Quando ela ia até a janela espiar o mundo, ela percebia o ferreiro gritando e berrando, como um louco, via as crianças brincando no barro, a serva da cozinha dando seu corpo para todos que passavam, o cervejeiro bebendo toda sua produção... Ela via um mundo feio, um caos e ficava horrorizada, chamava o ferreiro de grosso e mal educado, as crianças de suja, a serva de prostituta e o ferreiro de bêbado nojento...
Um dia o castelo foi invadido, seus pais mortos e ela despojada, teve que sair de seu castelo da proteção para viver na vila...
Como ela se julgava superior a todos, ficou parada no meio da vila sem ter para onde ir e sem que ninguém a convidasse para suas humildes casas, pois todos sabiam o que ela  pensava sobre eles, estava no seu lindo rosto...
A manha passou, a tarde passou, a noite desceu... E ninguém ofereceu abrigo...
Depois de dois dias largada a própria sorte, a princesa começou a ficar assustada, com fome e sede... Na terceira noite alguém se aproximou dela e lhe ofereceu um pedaço de pão duro e um copo de água...
Os olhos da princesa se encheram de lágrimas... A prostituta que ela tanto julgara estava lhe estendendo a mão, lhe oferecendo abrigo... Sentadas ali na praça a serva contou sua história, disse que era órfã de mãe e o pai nunca lhe deu atenção, cresceu sem carinho e sem amor, as demais pessoas da vila também não lhe davam atenção apenas os homens, que não a amavam apenas a usavam e ela mesmo sabendo que era errado, aceitava o pouco de atenção que lhe davam...
Então a princesa perguntou das crianças que se viviam sujas e a moça disse que um dos meninos tinha a mãe  com uma doença fatal, e por isso o pai permitia que ele brincasse no barro para se distrair e as demais crianças brincavam junto com ele para ajudar o amigo a se distrair da dor de perder a mãe...
E a princesa quis saber do ferreiro agressivo e a moça disse que ele é assim por que quando mais novo todo mundo o humilhava e xingava, apanhava sempre até que um dia ele resolveu reagir, mas que no fundo ele tinha um coração gigantesco e sempre reservava um pouco do que ganhava ´para dar aos órfãos da cidade vizinha, mas não queria que ninguém soubesse disso...
E por ultimo ela quis saber do bêbado nojento... E a moça respondeu: ele bebe para esquecer a morte do filho por saqueadores...
E a princesa chorou e entendeu que o mundo não é perfeito...
Ao amanhecer bateram na porta da serva, as crianças levavam flores, o ferreiro levava um corte de tecido, o bêbado levou leite... Todos para a princesa... Ou melhor para aquela menina que acabava de nascer em um novo mundo, imperfeito mas real...
Moral da História: cada um faça a sua...